Baião da Encruzilhada

Tripas Coração

Venham, vamos
Vou lhes mostrar
Com quantos mal bocados
Se faz um bem passado coração

Com quantos pés molhados
Se tira o mal olhado e a maldição
Com quantos resfriados
Se faz um requentado corpo são

E com quantos pobres diabos
Um anjo alado em louvação
Com quantos pobres diabos
Um anjo alado em louvação

Viver é ter sem juntar, é ofertório
Laboratório, labor e oratório
Deus me segure o botão do suspensório
Que é pra ninguém me ver não, espantalhado

No meio da confusão do meu pecado
Meu coração, fogaréu desembestado
Cidade sem coronel, boi sem cabresto
Chocalho de cascavel, anjo canhestro

Viver é ter condução desenfreada
Soltura e amarração, mola e facada
Desejo de aberração, encruzilhada
Jura de morte ou perdão
Eu quis me acovardar

Espia
Quase que vendi ao meu rival
Um dia
Meu metro quadrado de quintal
Meus olhos que fechei
Com medo do jaguar
Que a imagem do espelho dá

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