Final Dos Tempos

Tião Carreiro e Pardinho

Já está na beira do abismo
Nosso mundo sem escora
Já foi tudo pro vinagre
E não tem sinal de melhora
A sogra foge com o genro
O sogro foge com a nora
Velório já virou festa
No enterro ninguém chora.

O que é ruim está aumentando
O que é bom do mundo some
Honestidade e trabalho
Não traz vitória pro homem
Se ficar o bicho pega
Se correr o bicho come
O escravo do trabalho
Ganha o salário da fome.

O homem vive explorando
A lua, terra e o mar
Quantas crianças na rua
Sem escola e sem um lar
Gastaram tanto dinheiro
Fazendo armas de guerra
Daria pra fazer casas
Pra todos pobres da terra.

Falência e concordata
Filhas da maracutáia
Duas bruxas sem vassoura
Estão levantando a saia
Velho chicote arrebenta
No lombo do nosso povo
Descamisados ganhando
No natal chicote novo.

Quanta miséria na terra
Fortuna explode no espaço
É este o final dos tempos
O mundo virou um bagaço
Nosso pai que está no céu
Deu a vida pelo povo
Se voltar aqui na terra
Vai morrer na cruz de novo

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