Aquelas mãos tão pequeninas delicadas
Tão agitadas ao surgir da manjedoura
Foram as mesmas que, mais tarde, calejadas
Já trabalhavam todo tipo de madeira
Mãos cujos dedos rabiscaram a areia
Como escrevendo uma lição sobre o perdão
Mãos bem abertas junto a figueira
Buscavam frutos mesmo fora de estação
Mãos que trouxeram vida onde havia morte
E expulsaram dos cativos todo mal
Mãos cujo o gesto era uma ordem
Para cessar a grande fúria desse mar
Aquelas mãos tocaram olhos e ouvidos
Trazendo novas formas, cores, novos sons
As mesmas mãos que arrebatavam os sentidos
Quando acenavam para aquela multidão
Mãos que erguidas para os céus rendiam graças
E espalmadas pelo chão, em oração
Suaram sangue naquela praça
Entrelaçadas expressavam compaixão
Benditas mãos que conheceram as feridas
Se contorceram ao provar terrível cruz
E ainda hoje estão estendidas aos pecadores
Cheias de graça
As mãos furadas de Jesus