Fazendo hora no purgatório (ou sonhando com o fim do verão)

Tiago Miçanga

O universo me pegou de vez, me despedaçou,
Enfiou suas garras no meu abdômen
E pelo umbigo minha coluna
Para que eu não movesse e nem lutasse
Ele arrancou minha mandíbula para que não espragueje
Agora eu reduzido quase a pó
E por maldade pura do universo
Tatuou o seu nome no que sobrara de minha carcaça
Para que eu não esqueça
Eis que percebo os urubus chegando
E devoram a minha solidão
Mas única coisa que eles não tocam são os lugares onde o universo escreveu seu nome.

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