Meada

Thiago Amud

Diz o poeta que o rei judeu
Subordinado à Roma Imperial
Manda matar quem nem mal nasceu
Vara Belém, cada varão fere a punhal
Teme um rival rei plebeu

Reza a razão que a imperatriz
É condenada por traição
Perde a cabeça oca em Paris
Morre com os seus e morre com Deus e não morre em vão
Revolução, cicatriz

O rei que sangra todos por um
E o tribunal que mata uma só
Devem ter muita coisa em comum
Porém a mente mente e quando a gente sente há um nó
Um quiprocó sem norte algum

Negar
Que há um sentido superior
Que a gravidade quer soterrar
Mas se a coragem virar compaixão é capaz de ela pôr
Tudo o que é dor no mesmo altar

Cala a esquerda sobre o Islã
Cala a direita sobre Israel
Morre-se ontem, hoje, amanhã
Calam-se todos, Caim, Abel, Abraão, Ismael
Que há só um céu e um satã

Para colonizar o porvir
E se apossar do que já passou
O homem consegue se bipartir
Joio no trigo, lobo no amigo, queda no voo
Nem sei quem sou sem mentir

Mas se a mentira não cai tão bem
Pra saciar a honra do herói
Meia verdade já lhe convém
Sua virtude violenta afugenta os vilões que constrói
E ele remói ser mau também

Saber
E prosseguir fingindo que é bom
O guardião de um grão de poder
Eurasiano, norte-americano, homem bomba em Hebrom
Baixo Leblon, tudo é prazer

Onde a palavra povo se lê
Leiam-se mais de mil intenções
Banto, ariano, maia, malê
Até que ponto há um povo que pensa, que inventa nações?

Tracker

All lyrics are property and copyright of their owners. All lyrics provided for educational purposes only.