Ouça-me

Tássia Reis

Ouça meu grito
Invadindo os teus ouvidos
Tomando a sua casa e tocando lá no seu radin
Se o que eu digo lhe fizer algum sentido
É porque o sangue de rainha ginga e ainda corre em mim
Simples assim, os meios irão justificar os fins
E as manas e minas que colam comigo também tão afim
Vim dessa voz ouvida e não mais oprimida
Equalizada por todos cafundós e confins

Eu fui até o pelorin pra entender
O que já nasci sabendo mas preciso comprovar pra crer
Que todo axé que faz minha pele tremer
É a força que me fará transcender pra acender
Uma fagulha ou um pavio que transforma em uma revolução
Um lacre primaveril
É engraçado mas não é brincadeira, viu?
Não toleramos mais o seu xiu

Ouça-me, ouça-me, ouça-me
(Vai presta atenção)
Ouça-me, ouça-me, ouça-me
(Vai presta atenção)
Ouça-me, ouça-me, ouça-me

Eu tentei falar baixinho mas ninguém me ouviu
Eu tentei com carinho e o sistema me agrediu
Então eu grito! elevo o meu agudo ao infinito!
Pra mim não tem dilema
Se tá difícil eu explico

Não tem coragem de reconhecer o próprio erro
Não são capazes pois querem sair dessa ilesos
Eu sou a resposta e a pergunta do seu desespero
O que eles tem de idiotice meu som tem de peso
Meu rap é crespo, melanina nesse rolê
Meu hair é bom, o que já não faço questão de ser
Eu vou ser ruim que é pra você perceber
Se não me dar o valor ceis vão pagar muito caro pra ver

Ouça-me, ouça-me, ouça-me
(Vai presta atenção)
Ouça-me, ouça-me, ouça-me
(Vai, vai, vai)
Ouça-me, ouça-me, ouça-me
(Presta atenção)
Ouça-me, ouça-me, ouça-me
(Vai Presta atenção)

A revolução será crespa
E não na TV
A revolução será crespa
Doa quem doer
A revolução será crespa
E você pode crer
Não podem conter, não podem conter

A revolução será crespa
E não na TV
A revolução será crespa
Doa quem doer
A revolução será crespa
Quem vai pagar pra ver?
Não podem conter, não podem conter

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