Ô preta
Menina Bitita cadê teu povo?
Que segue amparado na própria fé
Menina Bitita quem é do morro
Entende as dores do Canindé
Sabe como é
Negra excluída brasileira
Daquelas que servem à mesa
A coragem das gerais
Jamais servil à pobreza
Se alimenta de letras quando o pão não tem mais
Num folhetim
Fez da prosa rebeldia
E na dor do dia a dia
Foi buscar sua verdade
Viaja assim
Nas sombras de um arranha-céu
Livre é teu sonho no papel
Ainda que tardia a liberdade
Um quarto de despejo pra quem é Maria
Não está na prateleira de nossas memórias
Me diga, quando a gente pode ser artista?
A tinta preta é que escreve a história
Vai meu Borel
Mostra quem são os catadores de poder
A ousadia que é sobreviver
Quando a fome tem cor
Silenciada sem nenhum pudor!
Lá no quintal da casa grande
Onde o ouro é nossa gente
Quero o azul de um novo dia
Livrai-nos do mal, dos camarotes que não são de papelão
Apagaram a hipocrisia
Assina teu nome na revolução
Eu sou a voz dos invisíveis na calçada
No fim dessa praça, à sombra da cruz
Se existe samba, existe luta
Canta Tijuca, Carolina de Jesus