Na Valença

Rafique Nasser

Valença acorda mais um dia
Desperta quem como não quer nada
O céu lá fora é azul
O meu cá de dentro é madrugada

Os homens param nos seus trabalhos
Esperando a hora de se enforcarem
Depois da bomba atômica
Vem um cogumelo para nos alimentar

Corram depressa, voem mais alto
Alto dos prédios d'além
Comam em silêncio, sintam medo
Enquanto o sol vem afogar as roupas presas no varal
Valença dorme todo dia

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