Incógnita - Augusto Dos Anjos

Maurício Gringo

Por que misterioso incompreensível
Vomito ainda em náuseas para o mundo
Todo o fel, toda a bílis do iracundo
Se eu já não tenho a bílis putrescível?

Insondável arcano! Por que inundo
Meu exótico ser ultra-sensível
Em plena luz e atendo ao gosto horrível
De apostrofar o pobre corpo imundo?

Fluidos teledinâmicos me servem
Transmitindo as ideias que me fervem
No cérebro candente, ígneo, em brasa

De que concavidade do Universo
Vem-me o açoite flamívomo do verso
Chama da mesma chama que me abrasa?

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