Ladainha

Lula Ribeiro

Você vai queimar os pés
Na terra rachada do sertão
Espinhos de lágrimas e cactos
São as flores desses vãos
Teu solado é água-viva
Vidas secas secas são
Tua saliva é carvão
Os lagartos mostram a língua
Da cabra magra sobra o sino
O ralo sangue vai à mingua
Só promessa e procissão
Poeira poeira poeira caatinga
Tuas mãos calejadas de fogo
Podem tocar o rosto agreste
Onde o calango é irmão do homem
E a fome é a própria peste
Cada rastro cria um mapa
O passo que passa é o mesmo que mata
Ladainha de lavadeira
Não tem poço nem posse
Só tem prece

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