Os da Ùltima Tropa

Luiz Marenco

A poeira dos cascos
Baixava de manso,
Ganhando a canhada
E o eco morrente
Da tropa pesada
Mermava a lo léu
Como envolto em um véu
Um par de aspas claras
A Deus levantava
Um franqueiro ponteava,
Mugindo tristonho,
Olhando pra o céu

O capataz pensa
Em seis dias de marcha
E mais cinco ronda
E bombeia horizonte
Pra ver pela varzea
Que a chuva não vem
Com os anos que tem,
Encordoa a tropa
Que estende e se alonga
Pra rede do Areal,
O passo do rio
Até embarcar no trem

Se finava um maio,
Que já fora mês
De tão grandes tropas
Campeiros regressam
Em capas e ponchos
Depois de dez dias
Como estátuas de cerne,
Quebrados de aba
E batidos de copas
Lhes cortejam a volta,
Coruja na trama,
A estrada vazia

Se foram sumindo
Os da última tropa
Na volta da estrada
E um ventito sureño
Assoviava cantigas,
Chamando a invernia
Vai com mãos macias,
Brincando com areia
De apagar pegadas
Das tropas mais nada
Que marcas de fogo
Pelas sesmarias

E vira primavera,
E o pasto rebrota
Esquecido do fogo
Já pro ano nas safras
Não cruzaram xucros
Pelo corredor
Sobra aos homens do basto,
E do meio capão
Debaixo dos pelegos
Culatriar seus recuerdos,
Com as cercas da estrada,
Gritando em fiador

Tracker

All lyrics are property and copyright of their owners. All lyrics provided for educational purposes only.