Gaudério

José Mendes

O índio pra ser gaudério tem que ter a vida alerta
No momento de perigo dá um jeitinho e não se aperta
Anda de pago em pago e não tem morada certa
O rio grande é tua cama e o luar tua coberta

Sempre tem uma chinoca para lhe fazer afago
Eu que não deixa levar um viver de uma índio vago
São as coisas de antanho que no pensamento trago
Canha, mulher e gaita, e o encanto do meu pago

Para afugentar a saudade a minha ideia eu destampo
E saio longe de mim, num cerro alto me acampo
Solito dentro da noite contemplando os pirilampos
Que brincam de iluminar o pano verde do campo

Sou assim como o minuano gaudério por excelência
E na invernada dos anos vai morrendo a resistência
E na tropeada da vida não maltrato minha consciência
Quero morrer com a honra de um gaudério da querência

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