Trinca de Reis

Jean Kirchoff e Ita Cunha

Puros como a cria que a mãe ainda nem lambeu
Vasculham na tarde silêncios e sons
Buscando a harmonia onde a perfeição se escondeu

Encilham acordes pra voz camperear com o verso
Abrindo porteiras pra ver no pasto
O coração manso, ruminando, disperso

Umbigos encantados, brilhantes, nutriram-lhes com três essências de um dom
Paridos em províncias distantes, cruzaram destino, filhos do som
Nas raízes da árvore grande, à frente das casas estavam
E das razões de ter dom, atônitos se perguntavam

Quando uma leveza discreta de nuvem, amorenou o dia
Guitarreiro, cantador, poeta, desafiava uma inspiração tardia
Dali percebiam apenas um cantar de calhandra, um potro em furor
E o vento mesclando serenas nuanças de rio, com aroma de flor

Quisera Deus, semear a beleza do campo na alma do homem
Pra ver florescer a virtude com a simplicidade que a arte resume
Clarividência ao poeta, herdara do vento, o profeta de cada estação
Indomáveis patas disparam violentas no alambrado, o braço do violão
E a voz de quem canta com plumas na alma é, por vezes, sussurro, por outras, trovão

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