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Trem das Cores

Gaia Wilmer

A franja da encosta
Cor de laranja
Capim rosa-chá
O mel desses olhos, luz
Mel de cor ímpar

O ouro ainda não
Vem verde da serra
A prata do trem
A Lua e estrela
Anel de turquesa

Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão

O oliva da nuvem chumbo
Ficando pra trás
Na manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã

As casas tão verde
Rosa, que vão passando
Ao nos ver passar
Os dois lados
Da janela

E aquela num tom de azul
Quase inexistente
Azul que não há
Azul que é pura memória
De algum lugar

Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou, pra ser exato, lábios
Cor de açaí

E, aqui, trem das cores
Sábios projetos
Tocar no central
E o céu de um azul celeste
Celestial