Pouco
Fabiano Medeiros
Vive e morre, cai, levanta
Abre o olho e fecha o paletó
Desce do edifício e sobe o morro
Todo mundo, um pouco, pede um troco
Deixa solto e vai a pé, é é é
Todo canto tem sufoco
Todo canto tem
Cai de cara, bate as botas
Bota o olho, seca, malha e quer
E ainda quer ficar comigo
Todo mundo, um pouco, pede um troco
Deixa solto e vai a pé, é é é
Todo canto tem sufoco
Todo canto tem
Pouco
Todo mundo faz
Jogo
Todo mundo quer
Todo
E todo pouco é quase
Tudo
Todo o que a gente não têm
Às vezes cigarro, carro, dinheiro
Trabalho, palavra final
Tudo é o que não foi dito
Tá tudo escrito
Tudo certo
Tudo é tão igual
Tanto faz a moeda que rola
Mixaria, merreca
Cruzado, cruzeiro, real
Tudo faz falta
Tudo ao mesmo tempo agora
Tudo é foda
Tudo faz falta
Tudo faz mal
Tudo é inveja
Tudo é luxúria
Tudo é muito abuso
Tudo tem uso
Tudo se joga fora
Tá tudo no lixo
Tá tudo perdido
Tá tudo comigo
Pra tudo tem hora
Tudo é muito
Tudo é um pouco de exagero
Tudo mata
Tudo muito, mata
Tudo mata
Por tudo se morre
Você vive, morre
Vive, morre