O Bêbado da Rua 5

Dourado

Seu nome é Beto e tudo que ele fazia era reclamar
Da sua roupa, do seu nome e do mal-estar
De dente sujo e a barba por fazer
O Bêbado da cidade é só mais um pra morrer!

Da meia-noite pra frente jogado na sarjeta
E antes das 6h já caçando problemas
A cidade toda vinha a reclamar
De Beto, o bêbado da cidade Sodoma!

No dia 16 de abril, Beto recebeu uma visão
No fundo de uma garrafa
Vinda do Quasequistão
Ela dizia: Você tem que seguir seus sonhos
Seguir um novo caminho, sair do rebanho
E Beto olhou pra água de uma cilha
E viu um rosto que não queria
Lavou sua pele como se fosse um animal
E saiu de lá pronto pra ser o tal

Foi pra casa como máquina
Abriu a estante escondida da casa
Uma mensagem de sua querida amada
Não faça nunca que me meteu numa roubada
E dentro de uma caixa de sapatos
Um papel com nomes dentro de um saco
Um caderninho com rosto humano
Que gritava: Beto eu te amo!

No dia seguinte a cidade estranhou
Que Beto não tinha cheiro de esgoto
A barba feita e a camisa asseada
Um olhar brilhante e a gola passada!
E o prefeito da cidade veio reconhecer
Devia ser um turista magnata
Dá pra ver, não pode ser
Não dá pra ser
Beto, o bêbado da cidade que só vivia pra beber!

Ele dizia
Abram alas, vou mostrar!
O novo empreendimento
Sim! Abri um bar!
Aqui vocês podem vir
Mas tem que pagar!
Mas se não der agora
Só me procurar!

E foi sucesso da primeira vez
Beto tinha o dinheiro de um rei
Se comportava dentro da lei
Ou era o que queria mostrar
E Beto encheu seu salão de putas
Drogas, apostas e uma mesa de sinuca
No canto da parede uma mensagem assim
Bem-vindos à Gamorra!
Querem entrar? Podem vim!

E ao cair da noite ninguém esperava
Em pouco a pouco os clientes matava
Todos eles sumiam do mapa
E Beto a rir se perguntava
Mas Beto ainda tinha coração
Sua voz na sua mente dizia que não
O bêbado da sua alma tava
Gritando pra ser libertada!
E no meio da bebida a voz saiu
E mostrou pro xerife seu terrível covil

Ela diziam
Abram alas, vou mostrar!
O novo empreendimento
Isso é mais que um bar!
Se aproximem e podem se ajuntar
Esse é seu último
E melhor lugar!

Os tiros foram a pistolar
De pop e pop, enxiam o bar
De marrom pra vermelho
E Beto gritando
Ainda vou lhe pegar!

E Beto caiu agonizado
Com letreiro e a garrafa do seu lado
Ele dizia ler sempre entrelinhas
A mão que te apunhala é a mesma que bebia
E Beto no seu último suspiro
Pediu perdão por todo sem riso
Dizia que ele só queria ser mais
Do que um bêbado da rua 5!

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