Funeral da Mulher Presente

Doroteo Fagundes

Mal desponta a aurora clareando os campos
Por estes exílios de confins e fundos
Lá se encontram elas desde que amanhece
Abrindo as janelas dos seus próprios mundos

Junto a seus maridos repartindo anseios
Repartindo vergas pra semear a vida
Vão parindo filhos e plantando sonhos
E gastando os dias nesta dura lida

Consumindo os anos calejando as ânsias
Percebendo o tempo que jamais recua
Elas vão sonhando terras prometidas
E um ranchito lindo sobre a luz da lua

Muitas vezes elas deixam esses sonhos
Para encher as vilas de desilusão
E parir de novo novos retirantes
E perder as filhas e viver em vão

A vassoura, a enxada, o fogão, a cama
O sabão na tábua, roupas no varal
Filharada chora e o marido chama
E se vão os dias da mulher rural

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