Rincão do Cotovelo

Desidério Souza

Era um sábado de tarde um mormaço de torra o pelo
Fui na água da restinga e enxaguei barba e cabelo
De noite tinha bailanta no rincão do cotovelo
Onde só dança chinoca das que refuga o sinuelo

Encilhei o meu bragado pingo de toda a confiança
Cola grossa, malacara, pé no estribo e mão na lança
Dei de mão na oito soco por ser viciado em festança
E onde eu farejo surungo caio dobrado na dança

Cortei campo deitei cerca, com o clarão da Lua cheia
Na direção de um bochincho, meu sangue queima na veia
Meu coração perde a doma, rincha bufa e corcoveia

Mal roncou uma três ilheira, mas eu já tinha chegado
Na estronca do parapeito desencilhei o bragado
Pro porteiro eu dei um buenas num jeitão de delegado
E fui entrando porta a dentro de espora e chapéu tapeado

Por causa de uma linda que usava flor no cabelo
Boca pintada e o vestido pra riba do tornozelo
Me obriguei puxar do trinta recheado de caramelo
Se não eu deixava o couro no rincão do cotovelo

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