Provinciana

Desidério Souza

Gaita velha candongueira que soluçando se embala
Botando ordem na sala numa festa galponeira
Do assoalho levanta poeira toda a pampa se engalana
Se esta gaita provinciana retrecha numa vaneira

Quando teu fole se abre
Neste toque Guarany
É a própria alma gaúcha
Que sai de dentro de ti

Ouvindo uma botoneira tenho a impressão momentânea
Que esta gaita litorânea, do planalto ou da fronteira
É serrana ou é costeira, quem sabe da mesma cria
Da gaita do Tio Bilia pura cepa missioneira

Quando um gaiteiro pavena com os dedos aveludados
Acaricia o teclado da velha gaita torena
A noite fica pequena e o vivente se apaixona
Parece ver a cordeona o corpo de uma morena

Quando eu me for do rincão pra o meu derradeiro abrigo
Quero esta gaita comigo aberta sobre o caixão
Pra minha alma de peão retornar de quando em vez
Vim vaneirear com vocês num surungo de galpão

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