O Ginete e o Pajador

Desidério Souza

Se o bate casco ressonga
No tambor da gineteada
A cena é comparada
Ao pajador por milonga
E se o corcovio se alonga
É o ginete que se agarra
A gineteada é uma farra
Entre o solo e o espaço
E a pajada é um abraço
Do pajador com a guitarra

O ginete corajoso
Trança dedos entre a crina
Enquanto as cordas afina
O pajador telentoso
O cavalo deita o toso
Quando lhe soltam d'amarra
Qual corte de cimitarra
O ginete baixa o reio
É inspiração no rodeio
Do pajador com a guitarra

A gineteada é uma luta
De força e inteligência
O pajada é a Querência
Para quem diz ou escuta
O cavalo é força bruta
Que contra o saber esbarra
E quando um pajador narra
Com versos de improviso
A cancha é o paraíso
Do pajador com guitarra

Seguem potro e ginete
Numa dança desgranida
Pro pajador dar mais vida
Ao confronto no piquete
O verso é só um lembrete
Daquela dança bizarra
Quando o céu mostra uma barra
Pintando uma linda tela
A pajada é uma aquarela
Do pajador com guitarra

O beiçudo arca o lombo
Imitando a meia Lua
E o bate casco acentua
A pátria tocando bombo
Se o ginete evita o tombo
Vence o cansaço na marra
E com jeito de cigarra
Canta contente e troveiro
O ginete é o parceiro
Do pajador com a guitarra

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