Facão Pitoco

Desidério Souza

Lá no rincão onde eu moro
Me chamam facão pitoco
Eu tenho um quê de certo
E uns três ou quatro de loco
Por qualquer dá cá uma palha
Eu já me atraco no soco

Entre rude e delicado
É meu jeito, sim senhor
Pra curá minhas enxaqueca
Nunca precisei doutor
Durmo de bota e espora
E não rasgo o cobertor

Pra mantê o corpo fechado
Uso um breve na argibeira
E umva vicha no chapéu
De uma lonca de cruzeira

Quando eu tomo meus tragos
Me paro bem debochado
Treme o facão na baínha
Se me olham atravessado
Não me sento em banco baixo
Prefiro ficá acocado

Nas criollas da fronteira
Eu demonstro meu valor
No pelo ou de boca atada
Hay campana, sim senhor
Me agrada abaná pra o povo
Numa huelta de honor

É bem assim que eu sou
Foi bem assim que eu fui feito
Não ando mostrando os dentes
Quem me respeita eu respeito
Não gostar de gente falsa
É o meu maior defeito

Tenho sete namoradas
Me agrada viver assim
Sete véias praguejando
Sete sogro atrás de mim
Elas pra me enchê de osso
E eles pra me batê o brim

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