De Tropeiro a Cantador

Desidério Souza

Peço licença senhores, eu estou chegando agora
De roseta buzinuda tilintando nas esporas
E basteriado de saudade de muitas tropas de autrora

Sou troupeiro e cantador e venho ringindo carona
Engraxo o fio da coqueiro, num churrasco de mamona
Guardo risadas de China nas ileiras da cordeona

Se acaso apeio num rancho, pra golpear um trago de vinho
Carrego junto a cordeona, não gosto de andar sozinho
Tenho um vício desde a infância, trocar canção por carinho

Pois no rincão onde eu moro para as bailanta eu me resbalo
Levo a gaita na garupa e ato o cacho a canta galo
E as moça vão pra a janela só pra me ver de acavalo

Sou mais ou menos assim nas horas de precisão
Faço chorar a cordeona sei dedilhar um violão
E entendo toda a perícia da boca de um redomão

Hoje completou dez dias que cheguei de uma tropeada
Com a saudade de uma China vinha de alma estropiada
E a goela roca de abrir o peito na culatra da boiada

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