O Pajador Perseguido XI

Demétrio Xavier

Cantor dê o canto aos pobres
Nem morto se há de calar
Pois onde puder chegar
O canto desse cristão
Não há de faltar um peão
Que o faça ressuscitar

O estancieiro se gaba
Com gauchesca arrogância
Pra ele, é extravagância
Que seu peão viva melhor
Mas não sabe esse senhor
Que deve ao peão a estância

Quem quer que tenha seus pilas
Faz muito bem se os guardar
Mas se os quiser aumentar
Respeite a lei, sem acordos
Quem em todo puchero gordo
Só os sabugos vão restar

Certa vez que sem trabalho
Eu, por Tucumán andava
Num rincão onde ajuntavam
Cantores da madrugada
Me apresentei pra pajada
Pra ver se um gosto eu me dava

Meio sondando o terreno
Dei de mão num instrumento
Até que, em algum momento
Desatei uma baguala
Com uma coplita rala
Dessas que carrega o vento

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