Antimorango

Bruno Schiavo

Leve como o ar
Das coisas que vão
Vanescendo
Tempo-máquina

Pôr-do-sol
Reflexo de pôr-do-sol
Espumas, ex-peixinhos e eu-te-amos fósseis
A suma de tudo
Cortada pela lâmina d’água
Espelho do começo do mundo

Glória, megalomania
Tudo o que mareia o estômago da história
Nostalgia, náusea e euforia
Olhos ociosos para os memes da Vênus de milo
Viva o primeiro bebê de proveta
Da comunidade horizontal da Bahia

A memória é uma lenda
Espécie em dívida
Quem se lembra em alguém
Se esquece em quem virá

Uma serenata
Uma serra elétrica
Ou me mudar pra uma fazenda de cliques
Onde o carisma é fundamental
Pra automação integral do lazer
Ou virar o iluminador do Cristo?

Boas intenções
De morango ou de papel
Quem lembra a senha que acende a luz?

Idosos avulsos e vultos de sacolas plásticas
Bustos de bestas e gestos gastos
Inércia como por decreto
Lá onde se veneram números
Especialmente os zeros
O belo etéreo das línguas mortas

A memória é uma lenda
Espécie em dívida
Quem se esquece em alguém
Se lembra em quem virá

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