Pássaro Preto

Betho Wilson

Eu sou preto da pele preta do dente azul
Pássaro Preto das penas pretas
No céu azul
E quando eu fico fouveiro viro um letreiro

Sou um caderno, em mim escrevo
Meu recomeço
A água apaga o tezto ruim
A cor da água é cor nenhuma

Eu sou preto do peito cheio de amor
Muito embora nele outrora houvesse dor
Eu te ofereço o meu apreço
Meu endereço
Aceite e não tenhas medo é gentileza
Você espera de mim rancor
Mas eu só vou te dar amor

Do nordeste vem o coco e a cocada
O umbu e a umbuzada
A fome e a buchada
Boiadeiro e a boiada

A seca e a retirada
Mas quando a prece é gritada
Romaria e procissão
Para a Glória do senhor
Que por meio de José
Carpinteiro e provedor
Segue pelo chão rachado

No lombo de um povo delgado
Nove Estados um reizado
Cujo trono é o tronco encurvado
Muitas vezes utilizado para sustentar o andor
E a dor de ser esquecido
Só não e maior do que a de ter sido
Por um falso altruismo ilududo sem pudor

E carrego junto comigo um constante parecer
De quem fere um já ferido conhecerá um tal castigo que jamais irá esquecer
De que o amor, e somente o amor tem poder constrangedor
Capaz de transformar um ser
Você espera de mim rancor, mas eu sou vou te dar amor, amor, amor!

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