Espelho de Cristal

Azul Turquesa

Numa vaga lembrança
O jovem se esbanja
Lamúria plutônica
De uma paixão platônica

O desespero em seu corpo
Já tornou-se um estorvo
E a pressa que o consome
Tampouco não some

A vida jamais bela
Pela amada ele espera
Com o sangue nos dentes
E o repúdio dos mais crentes

O seu coração por ela bate
A rejeição é um impasse
É necessário uma mudança
Sua mente é insana

Suspense dos ritos
Suas preces, seus gritos
A amargura engana
O sabor nas entranhas

Os pesos, a loucura
A dor e a doçura
De uma história obscura
De uma mente impura

Um dia perdido
Cansado e esguio
No campo das pampas
Onde a luz jamais alcança

A luz escura
Brilha como quem procura
Uma presa para maltratar
Logo pensou que era seu lugar

Um espelho de cristal
Que reluzia uma luz como tal
Tão fascinante e hipnotizante
Tal qual a mais bela aurora boreal

Logo lembrou de presentear
A sua amada para lhe amar
O teu coração será só meu
E meu coração será só teu

Correu saltitante para a vila
Como se toda sua vida
Passasse diante de seus olhos
Fez suas preces para os mortos

O meu coração, eu entrego em tuas mãos
Para que com o sangue em tinta, sua compleição seja toda minha
O meu coração, eu entrego em tuas mãos
Para que com o sangue em tinta, sua compleição seja toda minha

Suspense dos ritos
Suas preces, seus gritos
A amargura engana
O sabor nas entranhas

Os pesos, a loucura
A dor e a doçura
De uma história obscura
De uma mente impura

Na casa da amada, logo bateu em sua porta
Nem prestou atenção, ela estava em sua horta
Atrás de sua casa, preparando a comida para a estrada
Pois no dia seguinte, era tempo de homenagear pessoas mortas

Os instantes se passaram, a paciência se acabou
O jovem amante se estressou, e logo logo ele gritou
A jovem correu para entender, o porque de toda essa gritaria, para conter

Minha amada, tu és a mais bela moradia para meu coração
Quando toco tua pele, eu não sinto mais nenhum estresse
Sinto minha respiração falhar
Aceite esse presente, espero que aceite, o entrego com muito carinho

A jovem se estressou e o punho o serrou
As sobrancelhas franziu e nem mesmo sorriu
A sua fúria era grande por ser importunada em um momento importante
Era momento de trabalho para homenagear o seu tio morto, também amado

Ela se irritou e nada falou
Ela fechou a porta na hora
Ela se irritou e nada falou
Ela fechou a porta na hora

O jovem triste e arrasado
Sem rumo e cansado
Chorava pela desilusão
Que tomava sua emoção

Não chore, jovem amante
O seu amor não ficará numa estante
Há vida pela frente
Há várias pretendentes

Naquele livro de angústia
Para o espelho de cristal
Ele mais uma vez olhou
Por algum motivou ele se enfeitiçou

Naquele vidro de cristal
Tudo era magnífico
Tão glorioso, tão imenso
De uma intensa beleza astral

A graciosidade e as feições
Que ele via em suas ações
Só ocorriam no espelho
Uma realização do seu desejo

Era tão bela a visão
Que estava em suas mãos
Que tudo que estava a seu redor
Se tornava tão menor

Em pouco tempo ele se fechou
Sua amada desamou
Sua família ele esqueceu
E sua vida social, perdeu

Suspense dos ritos
Suas preces, seus gritos
A amargura engana
O sabor nas entranhas

Os pesos, a loucura
A dor e a doçura
De uma história obscura
De uma mente impura

Era tanto amor pela imagem
Que um feitiço lhe inspirou coragem
Também força, felicidade, vaidade
Passou a amar a si mesmo, na verdade

No espelho de cristal
Na verdade o que ele via no final
Era a imagem da sua amada
Cuidando das coisas no seu quintal

No espelho de cristal
A matéria prima é o mal

O espelho se quebrou
Quando no chão caiu
E o amor se acabou
O Sol se deitou

E o jovem descansou

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