Ladrão de Galinha

Alfredo Del Penho

Foi num salão ali no baixo Cinelândia
Perto da Spaghettilândia, na Francisco Serrador
Que eu descobri que não tem bem que sempre dure
Conhecendo a manicure Ana Luzia Leonor
Com seu jeitinho encantador

Foi a melhor dentre as comadres que eu já tive
Mulher de um detetive
Ex-polícia especial
Era um vulcão e um pedação de mal caminho
Tudo isso embrulhadinho num rostinho angelical

Se eu vacilasse na parada eu podia me dar mal!

Seu lindo corpo parecia uma escultura
Metro e meio de altura, cento e vinte de quadris
Mais cem de busto, vinte e cinco de cintura
Com uma pintinha escura um pouco abaixo do nariz

E esse nariz tão bonitinho e arrebitado
Parecia modelado pelas mãos de um Pitanguy
E ainda por cima tinha covinha no queixo
E muitos outros apetrechos de fazer queixo cair

– E eu passeava por ali!

Mas certa noite na rua Riachuelo
Um tremendo pesadelo fez a gente despertar
Passos na escada, ela gritou
É o Nascimento, ele é um cara violento
É melhor tu te arrancar

Pulei janela, estava já pulando o muro
Quando no meio do escuro Ana Luzia Leonor
Gritou pra rua: Pega e lincha esse gatuno!
Ladrão inoportuno, ventanista e arrombador!

Ai Nascimento, esse bandido me detesta!
Se eu não sou mulher honesta ele ofendia o meu
Pudor!

E o Nascimento consolava
Fica fria meu amor!
É um larápio sem passado
É um pé inchado, é um amador
É um ladrãozinho de galinha, não levou nenhum valor
Vamos de volta pra caminha, tá quentinho o cobertor!

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