Leite de Onça

Adilson Silva

O espirito da miséria
Já dominou muita gente
É só falar em dinheiro
Que ele fica diferente

Vira crente revoltado
Chega até ranger os dentes
O bolso do miserável
É um ninho de serpentes

Se chega a dar uma oferta
Ele vira delegado
Quer saber pra onde foi
O dinheiro ofertado

Se é feito uma coleta
Ele não dá nenhum tustão
Ele não joga peteca pra não ter
Que abrir a mão

Todo homem avarento
Não tem a alma de nobre
Quanto mais ganha dinheiro
Fica cada vez mais pobre

Ele só pensa em si mesmo
E não ajuda ninguem
Quanto mais ele é seguro
Muito menos ele tem

Só gosta de receber
Mas nunca gostou de dar
Esta pronto pra colher
Mas nunca pra semear

Os outros fazem o trabalho
Mas ele não põe a mão
Quer beber agua do poço
Mas não quer cavar o chão

Para poder receber
Primeiro é preciso dar
Mas todo unha de fome
Não gosta de cooperar

Se esquece da palavra
De Jesus senhor e rei
Só quem é fiel no pouco
No muito colocarei

Para ajudar a missão
O que ele traz é um horror
Roupas velhas e rasgadas
Bugigangas sem valor

Ele pode ajudar
Porem não quer nem saber
De mãos dadas com a miséria
Ele vai até morrer

É mais fácil um leão
Virar comida de paca
Do que arrancar dinheiro
Desse crente mão de vaca

É mais fácil derrubar
O touro na cabeçada
Do que fazer o murrinha
Ajudar numa empreitada

Mais fácil levar anzol
E pescar um tubarão
Ou matar um urso a tapa
Jacaré a beliscão

É tirar leite de onça
Com seu filhote na mão
Deus me livre da miséria
Eu oferto de coração

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