A Preta Mina

Xisto Bahia

Eu tenho uma namorada
Que é mesmo uma Papa Fina!
Lá da praça do mercado
Dizem (digo) logo: É preta mina!

Eu ando apaixonado
Minha coisa é Papa Fina!
Lá da praça do mercado
Por sedosa preta mina!

Laranjas, bananas, maçã, cambucá
Eu tenho de graça que a preta me dá!
Se a noite é de frio, é que ela mais gosta
Estende por cima seu pano da costa!

Mas, quando ela longe me vê!
Grita logo: Acugelê
Vem cá, meu veludo, vem cá!
Me diga no ouvido: Acumbabá
(Acugelê! Acumbabá!)

Quando a tristeza penetra
Nas fibras do coração!
Ela me arranja um quitute
Fez da vida, um coração!

Um dia, um senador
Quis lá fazer rebuliço!
Mas, a preta não gostou
Foi as vendas com palmito!

Moqueca gostosa, morango, caju
Caninha cheirosa, miséria de angu!
Arroz, rapadura, goiaba, jaça
Que seja muito cobre, que a nêga me dá!

Ela é uma mulata chique
Porém, muito decidida!
Roubava da bahiana a manga
E corria sem te a vista!

Que cheiro, me indago, tua pele tão boa
Seu corpo sem chacha, cantiga não voa!
Mágoa soluça no meu meditar
E se fica debruças, me ponho a chorar!

Certo dia, o senador
Quis se fazer de bonito!
Mas, a preta que é só minha
Foi as vendas com palmito!

Mas, quando ela longe me vê!
Grita logo: Acugelê
Vem cá, meu Mário, vem cá!
Me diga no ouvido: Acumbabá
(Acugelê! Acumbabá!)

Um dia, um senador
Lá foi todo bonito!
Mas, a nega com rigor
Foi as vendas com palmito!

Menina e com dinheiro
Piscou-me um dia o olho!
Mas, preta num berreiro
Entornou-me todo molho!

De mim, já se diz tudo
Mas, que importa? Quero bem!
Tem quem diz de meu veludo
Que muita moça não tem!

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