Rio Branco (Hoje não)

Libenter

Meu corpo te deseja como o ar que eu respiro
E andando pelas ruas eu evito te encontrar
Ainda que eu veja o teu rosto no espelho
A minha pulsação diz que é hora de parar

Por mais que eu não queira ter de volta o teu brilho
Existe um lado negro que sorri quando te vê
E eu que já conheço esse lado obscuro
Evito a todo custo o encontro com você

Hoje não, hoje não
Hoje não, hoje
Eu quero ficar livre de você

Corro pelo beco, a sirene me vigia
E nesse desespero eu te vejo a me encarar
Passos apressados, minha sombra é meu guia
Eu desapareço qual fumaça pelo ar

Quase me esqueço de manter o meu caminho
Todos os atalhos me conduzem a você
Cruzo a cidade adormecida sem destino
Abro bem os olhos, eu não posso me perder

Hoje não, hoje não
Hoje não, hoje
Eu quero ficar livre de você

Meninos, viaturas e as luzes das vitrines
Autoridade vil que esconde os seus crimes
Guardas, camelôs e um monte de barracas
Todo o barulho que produz o bate-estacas

Tanta gente junta, espremida no metrô
Tanta gente junta dentro de um elevador
Não me surpreendo com a frieza demonstrada
Por quem pula o corpo estirado na calçada

Arde no meu peito a miséria que se aninha
No pé-direito duplo de uma grande companhia
Vejo o tumulto da ruidosa pregação
É o roubo camuflado pela fé do cidadão

Hoje não, hoje não
Hoje não, hoje
Eu quero ficar livre de você

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