Cilada

Fernando Santos Cunha

O perfume o silêncio assombra os ninhos
Emudecem e temos sonhadores
A humildade das ervas nos caminhos
E uma inocência de anjo entre as flores
Mas há na tarde morna ignotos vinhos
Secretos filtros, perfidos vapores amavios, feitiços e carinhos
Moles, quebrados e perturbadores
E de repente o incêndio dos sentidos
As mãos frias tateando na ansiedade
As bocas que se buscam num queixume
O corpo, o sangue o espírito perdido
A febre, o beijo e a cumplicidade da sombra do silêncio do perfume

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